COMO É O PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS RAÇÕES

 O Brasil é um dos líderes na fabricação de rações — o país ocupa o terceiro lugar no cenário mundial e é o grande produtor da América Latina. A indústria de rações segue em franca expansão, como reflexo tanto do crescimento populacional, quanto do aumento no consumo de proteína. Esse cenário causou a expansão de setores de alimentos, como avicultura, suinocultura, bovinocultura etc. Além disso, a busca pelo bem-estar animal está alimentando a procura por avanços no setor.

A qualidade do produto final vai depender não só da escolha correta dos ingredientes, como também das escolha do maquinário correto e de qualidade, pesquisas nutricionais das espécies para qual o alimento será destinado, aceitação e expectativas do consumidor, objetivos (Diferentes objetivos como engorda, postura, pet, etc exigem uma nutrição diferente para melhoria dos resultados), etc.
Como é o processo de fabricação de rações?
A fabricação de rações depende, na prática, de uma série de fatores e etapas que envolvem desde o cuidado com a matéria-prima, até a fase de transporte e entrega do produto final.
Cada produto tem suas próprias características de produção que podem variar muito, mas vamos focar na produção de rações pelletizadas que são as mais usadas para porquinhos.
Para que a ração seja produzida, as principais etapas são:
1 - Escolha e recebimento da matéria-prima;
Após o estudo e profunda pesquisa sobre as necessidades nutricionais e ingredientes disponíveis, a matéria prima é encomendada e levada para a fabrica em sua maioria já beneficiada. O beneficiamento nada mais é do que a desidratação e trituração da matéria prima para que essa não apodreça, se contamine, perca nutriente ou até mesmo para facilitar o armazenamento e transporte. Quando a matéria prima chega a fábrica ela passa por um controle de qualidade que inclui exames laboratoriais para garantir que não há contaminações. E então após aprovação ela é descarregada e passa para a próxima etapa de fabricação. No recebimento são avaliado pontos como:
Especificações do material;
Ausência de pragas;
Nível de garantia especificado no rótulo;
Coloração e granulometria.
Também é realizada uma inspeção no caminhão, avaliando se a matéria-prima não sofreu avarias chegando em boas condições de uso.
2 - Pesagem da matéria-prima (dosagem):
Aqui começa a produção de fato, então as matérias primas são pesadas e divididas em porções assim como quando se faz um bolo e separa-se os ingredientes (Ex. para produção de 10kg de ração é necessário 1kg de farinha de milho, 300g de polpa de beterraba, etc.).
3 - Moagem:
Como algumas matérias primas podem ter tamanhos diferentes de outras, elas precisam passar por um rigoroso processo de moagem para adquirir a granulagem adequada para se misturar com os demais ingredientes e definir pontos importantes como texturas, dureza, etc. A qualidade da mistura tem um impacto direto na qualidade da ração. É preciso observar, dessa forma, o tempo de mistura, assim como o volume que é adicionado ao misturador. Para isso, deve ser feito o teste de homogeneidade. Deve-se compreender que se o processo de moagem não for bem realizado, por exemplo, não é possível seguir com a produção de boa qualidade. Dessa forma, a mistura não vai ser feita corretamente e a peletização também não vai seguir um padrão de qualidade desejável.
4 - Enriquecimento:
Cada ração possui níveis de garantia e nutrição pré estabelecidos que na maioria das vezes é difícil de se alcançar apenas com a mistura das matérias primas, por isso são adicionadas vitaminas, minerais e outras substancias para que se alcance os níveis de garantia adequados. É nessa etapa também onde são adicionados os corantes, conservantes e quaisquer coisas que sejam necessárias para a química da ração. Os aditivos têm um importante papel na produção da ração. Eles contribuem para uma melhoria na qualidade dessa ração, assim como aumentam o desempenho do animal e atendem às necessidades nutricionais. Por isso, esses aditivos podem ser encarados como um complemento (apesar de que alguns tem uma função meramente comercial como os corantes por exemplo). Dessa forma, para ter uma ração de qualidade é essencial ter uma boa suplementação. Ela é incorporada na formulação e favorece a qualidade da nutrição animal.
5 - Mistura:
Nessa etapa todo os ingredientes seguem para maquinas próprias que fazem a mistura adequada de todos os ingredientes para obter uma massa homogênea e garantir que todo os pellets de ração tenham a mesma composição.
6 - Peletização:
A peletização acontece depois da mistura. O processo de peletização pode ser definido como a transformação da ração farelada em granulada por um processamento físico químico. Isso ocorre através da adição de vapor à ração farelada e a sua exposição a faixas específicas de temperatura, umidade e pressão por um tempo determinado. Como a peletização é um processamento térmico e tem o envolvimento de utilização de vapor com altas temperaturas, alguns controles precisam ser utilizados para que possam garantir a qualidade e segurança alimentar dos produtos, entre eles o monitoramento de umidade e atividade de água dos produtos antes do envase. Uma boa peletização garante a durabilidade dos pellets, evita variantes e rações queimadas. Assim, há um nível melhor de qualidade refletindo diretamente na hora da alimentação do animal. A ração com um pellet de boa qualidade, resistente, com tamanho padronizado garantirá que o animal comerá adequadamente. Por isso, o tamanho obtido com a peletização é muito relevante no momento de fabricação de rações em uma indústria.
7 - Resfriamento:
Quando o pellet sai da peletizadora ele está em alta temperatura e é direcionado para o resfriamento que pode ocorrer naturalmente ou de forma mecanizada com um controle maior da extração do vapor e umidade excessivas que possam ter permanecidos. Investir em uma boa peletização mas não cuidar do resfriamento da ração é algo que prejudica toda a qualidade do produto final. Uma ração que não é bem resfriada pode chegar a mofar, acarretando grandes perdas para o consumidor. É com o resfriamento que a ração pode ficar mais firme. Se a etapa não é feita de maneira adequada, a ração pode esfarelar e ficar puro pó.
8 - Embalagem ou envasamento:
Após o resfriamento a ração está pronta para ser embalada, esse pode ser um processo hibrido (maquinas e humanos) ou totalmente mecanizado.
9 - Armazenamento, Transporte e distribuição:
Estes dispensam maiores explicações.
Entre todos esses procedimentos, a moagem, mistura e peletização têm uma importância mais significativa no processo de produção. Mas, ainda assim, todas as etapas têm impacto similar no processo de produção da ração — e, por isso, devem ser observadas com grande atenção.
Assim como acontece com toda a nutrição animal, a fabricação de rações é uma cadeia. Se uma etapa não der certo, nenhuma outra dá, podendo gerar impactos e atrasos que afetam uma boa gestão da fábrica e o resultado final do produto.
Principais erros cometidos na fabricação de rações
A garantia da qualidade da ração e a segurança do processo produtivo podem ser prejudicadas por uma série de erros que acontecem durante a fabricação. Desde a escolha de matérias primas baratas que aumentam o lucro mas diminuem consideravelmente a qualidade e níveis de garantia oferecidos pelo produto até a escolha de maquinário.
Um dos erros primordiais é a falta de treinamento operacional. As fábricas nem sempre se preocupam em ter um treinamento eficaz para seus funcionários/colaboradores. Dessa forma, colocam um operador no processo produtivo, mas não apresentam uma real preocupação em orientar sobre a importância de cada etapa e as melhores formas de realização do processo.
Outro erro comum é a limpeza ineficiente dos equipamentos. A falta de limpeza dos equipamentos utilizados na produção de ração animal é outro erro que, aliás, é cometido frequentemente nas fábricas. Uma indústria precisa que os equipamentos sejam higienizados tanto interna quanto externamente. A não higienização dos equipamentos pode acarretar em contaminação cruzada, podendo soltar frestas das paredes dos equipamentos prejudicando a qualidade do produto final. Uma boa higienização garante a redução ou eliminação de possíveis perigos que podem chegar até o animal.
Alguma empresas sofrem também com a ausência do departamento de qualidade. Uma empresa especializada na fabricação de rações que não conta com uma equipe de qualidade fica carente de supervisão na execução dos programas de controle dos padrões produtivos. A fim de economizar e fornecer um produto mais barato ou até mesmo mais lucrativo algumas empresas simplesmente abrem mão dos processos de controle de qualidade. É primordial investir em um departamento de qualidade que possa garantir a qualidade da matéria-prima e a realização dos testes de mistura, além de acompanhar o processo produtivo. Na prática, só uma equipe focada nesse aspecto pode garantir que os erros diminuam.
A fabricação de rações inclui uma série de etapas, desde o cuidado com a matéria-prima até a moagem, mistura, peletização, resfriamento e toda área de logística. Nesse segmento, focar na redução de custos pode gerar problemas que podem inclusive resultar no adoecimento e até na perca da vida de seus clientes finais os animais. Por isso, é primordial apostar em fornecedores que têm qualidade e processos rígidos de qualidade.
Muitos dos produtos para roedores que existem no mercado deixam de lado muitas das etapas listadas acima e seus produtos acabam por não serem recomendados para o consumo e podem até colocar a vida do seu pet em risco. Infelizmente a acessibilidade de preços reflete diretamente na qualidade das rações e quando escolhemos as mais baratas ou inadequadas estamos colocando em risco a saúde dos nossos porcos. É preciso sempre pesquisar muito, buscar fontes confiáveis de informação e jamais se esquecer que empresas tem CNPJ e não coração, seu principal e maior objetivo é o lucro.
E aí você já sabia como funcionava o processo de fabricação das rações?
Fontes e referencias:
https://nutricaoesaudeanimal.com.br/fabricacao-de-racoes/
http://www.revistaagropecuaria.com.br
https://www.gov.br/agricultura
https://sindiracoes.org.br
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br 

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